Por Carlos Biedermann, conselheiro de administração
No início de abril, participei do Programa Executivo na Singularity University, em Mountain View, na California, bem no coração do Vale do Silício. Mais do que apresentar tendências tecnológicas, o programa desafia os participantes a agir com coragem para transformar a vida das pessoas.
Tive a oportunidade de propor ao grupo de cerca de cem participantes, de 40 países, uma discussão sobre a enchente que devastou o Rio Grande do Sul em 2024. A pergunta foi simples e poderosa — o que podemos fazer juntos para prevenir e responder melhor a eventos como aquele?
O debate gerou propostas concretas e inspiradoras. Entre elas, destaco:
a) Criatividade na gestão: como poderiam as grandes seguradoras colaborar com agentes públicos, empresas de tecnologia e as comunidades locais para compartilhar dados e modelos de riscos e ativar respostas rápidas?
b) Como podemos aprender com as respostas da natureza às enchentes, tais como terras úmidas, sistemas de corais ou cidades-esponja, que poderiam formar um modelo melhor de infraestrutura?
c) Liderança ágil: como poderiam as lideranças, inclusive das companhias seguradoras, desenhar políticas, preços e modelos que se adaptem aos riscos locais em tempo real?
Se queremos cidades mais preparadas, seguras e humanas, precisamos nos antecipar
Além disso, poderiam ser usadas equipes com experiência espacial para considerar imagens de satélites e análises preditivas para mapear enchentes e uma resposta coordenada, produzir sistemas de arquitetura resiliente e utilizar técnicas de astronautas para simular cenários de crises e treinamento de equipes especializadas. Em todos esses aspectos, a inteligência artificial é uma ferramenta indispensável.
Outro aspecto discutido foi o de compensar com reduções de impostos as empresas e os indivíduos que fizerem investimentos relevantes para atuar na prevenção de eventos climáticos.
Se queremos cidades mais preparadas, seguras e humanas, precisamos nos antecipar. E isso começa com uma mudança de mentalidade — da reação à prevenção, do isolamento à cooperação, da inércia à ação estratégica.