Criada há 18 anos, a Dwell Incorporadora, de Novo Hamburgo, acaba de estrear no mercado imobiliário de Porto Alegre. Nesta semana, Zero Hora adiantou que a empresa erguerá um prédio de 98 metros de altura na Rua Siqueira Campos, no Centro Histórico. Antes, a construtora havia lançado um empreendimento em movimentada via da Capital. Outros dois projetos estão em fase de licenciamento na prefeitura.
O prédio Midtown começou a ser construído em janeiro na Avenida Independência. No terreno havia três casas históricas — em uma delas funcionava a casa noturna Cabaret, atingida por um incêndio em maio de 2013. A parte interna das três construções ficou comprometida. No entanto, as fachadas dos imóveis, que integram o patrimônio histórico de Porto Alegre, serão preservadas.
Com investimento de R$ 35 milhões, o futuro empreendimento está com 14% da obra concluída. Serão 98 unidades de studios, de 25 metros quadrados. O preço varia de R$ 280 mil a R$ 340 mil. No térreo, haverá um "minishopping", com espaços para 30 lojas. A expectativa é de que o complexo fique pronto em dois anos. São cerca de cem pessoas trabalhando na obra.
— Terá um rooftop (terraço) com salão de festa, piscina, lavanderia, coworking e garagem com 66 vagas. Estrutura completa para os moradores. Hoje, o studio é o produto que mais vende na nossa empresa — diz o presidente fundador da Dwell, Leandro Barros.

Em fase de licenciamento
Outros dois projetos da Dwell estão em fase de licenciamento na prefeitura de Porto Alegre. Um deles ficará na Avenida Coronel Lucas de Oliveira, próximo à Praça da Encol. Será uma parceria com o Grupo Ospa, que também elaborou o projeto da torre que a empresa fará no Centro Histórico.
Com 13 pavimentos, o empreendimento da Lucas de Oliveira terá 150 studios de 25 a 35 metros quadrados. O investimento previsto é de R$ 40 milhões. Se a Dwell obtiver as autorizações necessárias neste ano, a ideia é começar a obra no começo de 2026.
A construtora ainda fará um complexo de moradias de alto padrão próximo ao estádio Beira-Rio. Por enquanto, a empresa não quer dar detalhes sobre este projeto, mas diz que serão unidades mais amplas. O acesso se dará pela Avenida Padre Cacique.
Prédio de 98 metros de altura
O prédio de 98 metros de altura que a Dwell fará no Centro Histórico, com mais de 300 apartamentos, terá investimento de R$ 80 milhões. É o edifício mais alto que a construtora já ergueu.
A nova construção no Centro Histórico é criticada pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RS). A arquiteta Clarice Oliveira, copresidente da entidade, diz que esse tipo de construção atrapalha a ventilação e a iluminação em parte do bairro.
— Por planos anteriores, nós passamos a ter exemplares de prédios bastante altos. Essas regiões do bairro têm menos ventilação e iluminação. Aumento de concreto e vidro gera aumento de calor na cidade — diz Clarice, que é moradora do Centro e professora no curso de arquitetura da UFRGS.
— Esse é apenas um projeto que está relacionado a um projeto maior de adensamento do Centro Histórico. Teremos uma densidade habitacional maior, e com unidades pequenas, que é como tem se desenhado o mercado. Já temos muitas unidades desocupadas no Centro — comenta.
O prédio da Dwell no Centro terá 32 andares. Apesar de alto para os patamares de Porto Alegre, ainda será menor do que o Edifício Santa Cruz, construído na década de 1960 na Rua dos Andradas, também no Centro. Com 107 metros de altura, é até hoje o maior prédio da Capital.
— A construção civil é importante, é um setor produtivo. As pessoas precisam de casa para morar. O problema é o tipo de produção imobiliária que tem se voltado muito para o lucro. Nos anúncios imobiliários já vem escrito "para investidor". Parece que não é mais para morar — acrescenta a professora.
Sobre as construções junto a imóveis históricos, como a em andamento na Avenida Independência, a arquiteta diz ser favorável, desde que toda a casa seja mantida. No caso do projeto da Dwell, a parte interna do imóvel estava destruída pelo incêndio de 2013. Em outros bairros da cidade, construtoras têm revitalizado essas casas, ao mesmo tempo em que constroem seus empreendimentos no mesmo terreno.
— Quando se restaura a casa toda, acho saudável, mas o prédio não pode estar "caindo em cima" da casa. Precisamos de respeito ao patrimônio histórico — pede a copresidente do IAB-RS.