Quem não está assustado com os rumos dos conflitos espalhados pelo mundo ou é alienado demais ou, pior, um ignorante. Costumo recomendar que se estudem cenários do passado para compreender o que acontece no presente para entender que estamos presenciando um momento realmente apavorante.
Outro dia, um jovem de 20 e poucos anos reclamava em rede social: “Não aguento mais fazer parte de acontecimentos históricos”. E errado ele não está: há toda uma geração de crianças, adolescentes e jovens adultos que já passou neste século por pandemia, disrupturas tecnológicas, crises econômicas e, agora, a iminência de uma guerra mundial. Não é à toa que os casos de ansiedade crônica sejam tantos, assim como os de depressão e síndrome do pânico.
Como alento, no último mapa que mostra o alcance de mísseis pelo mundo, aparece uma solitária América do Sul praticamente inatingível e inabalável. Seríamos mesmo poupados se o conflito escalasse desse jeito? Talvez sim, basta o Brasil parar de brincar de amiguinho de ditador sanguinário, de fã de autocracias, e ficar na sua. Sinceramente, seria melhor que cumprisse seu papel de anão diplomático e se mantivesse dormindo em berço esplêndido. Aqui temos totais condições de sobreviver por anos com um clima quase sempre favorável, terras férteis, industrialização, minérios e energia limpa. Vai querer tomar partido a essa altura do campeonato para que exatamente?
Diferentemente da Segunda Guerra Mundial quando o Brasil e sua vizinha Argentina estavam, num primeiro momento, alinhados com o Eixo para só depois se unirem aos Aliados, hoje a conjuntura é diferente: a Argentina já está totalmente alinhada ao Ocidente, representado por Estados Unidos e Europa, e seu valente soldado lá no front do Oriente Médio, Israel. O Brasil, por questões ideológicas bizarras, insiste num alinhamento com nações do amontoado disforme que virou o BRICS, incluindo — pasmem! — o Irã.
Há quem compre a narrativa antiocidental desses regimes com práticas execráveis por pura pulsão de morte e desprezo pelas liberdades individuais. Essa gente é movida a ressentimento. Nada pode prosperar, nada pode se sobressair e sair de seu controle ideológico ou religioso. Sua pequenez se reflete em raiva: raiva do diferente, raiva do moderno, raiva do livre, raiva do mérito.
Está na hora de o Brasil ficar do lado certo da história ou, ao menos, fazer o que o Uruguai fez na Segunda Guerra Mundial: ficar quietinho, cuidar dos seus, esperar a tempestade passar, aproveitar os investimentos externos que chegam por W.O., ou seja, quando o mundo lá fora está em guerra, aqui acaba se tornando um lugar muito, mas muito atraente porque foi o que restou de pé.