
Mesmo que o Brasil não seja protagonista nem coadjuvante da guerra travada no Oriente Médio, os brasileiros devem se preparar para dias difíceis se o conflito entre Israel e Irã, agora com a entrada dos Estados Unidos, persistir. O problema imediato é o aumento do preço do petróleo a patamares capazes de provocar um impacto brutal na inflação, no momento em que os preços internos começam a dar sinais de recuo.
Uma disparada anormal do preço do petróleo obrigará a Petrobras a repassar o aumento para a gasolina e o diesel, com impacto em produtos e serviços com peso relevante na inflação - do frete às passagens de avião, passando pelo mercadinho da esquina. Existe, ainda, o risco dos aumentos preventivos, seja pela possível subida do dólar, pelo medo do que possa acontecer ou pela simples especulação, o que prejudicará principalmente os mais pobres.
A inflação é apenas uma das preocupações. A maior de todas é com a possibilidade de agravamento do conflito, apesar de o Irã estar enfraquecido. Se é verdade que o país dos aiatolás já não assusta ninguém fora de Israel, que segue sendo atingido pelos mísseis iranianos, o risco de a guerra tomar outras proporções é real, de acordo com especialistas em política internacional.
A Rússia, que está envolvida na sua própria guerra (com a Ucrânia), condenou o ataque dos Estados Unidos às instalações nucleares do Irã e alertou para o risco de o conflito se alastrar. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia divulgou comunicado chamando a ação dos Estados Unidos de irresponsável e de “grave violação ao direito internacional”. A parte mais preocupante da manifestação do governo russo é a que diz: “Já está claro que uma perigosa escalada começou, repleta de novos enfraquecimentos da segurança regional e global”.
Vladimir Putin não tem moral para criticar quem ataca um país, mas seu país está entre os que têm a bomba nuclear, essa arma de destruição em massa que até hoje só foi usada pelos Estados Unidos contra Hiroshima e Nagasaki, na Segunda Guerra. Quem já tem a bomba não quer que outros países a desenvolvam, porque sabe dos riscos.
A ONU, criada para mediar conflitos e tornar civilizada a convivência no planeta, vem perdendo força ano a ano. Suas resoluções são ignoradas pelos países que atacam outros povos, sem se preocupar com a morte de mulheres e crianças, tratadas como “efeito colateral” no objetivo de destruir o inimigo.