Um dos criadores da emblemática pintura no forro do Theatro São Pedro, em Porto Alegre, será lembrando com uma exposição especial no foyer do Multipalco Eva Sopher. Plínio Bernhardt, que partiu em 2004, é uma das grandes referências da arte gaúcha no século 20.
A pintura no teto da casa de espetáculos foi uma das principais obras realizadas durante a restauração do espaço, nas décadas de 1970 e 80.
A convite da saudosa Dona Eva, eterna guardião do mais tradicional palco gaúcho, Plínio e os parceiros Léo Dexheimer, Danúbio Gonçalves e Carlos Mancuso criaram o enorme painel circular no topo do teatro (iluminado pelo famoso lustre de cristais), retratando elementos da flora e da fauna gaúchas.
É de uma delicadeza sem tamanho — e a boa notícia é que será restaurado até 2026. Antes disso, na exposição Plínio Bernhardt: Arte eternizada no São Pedro volta ao theatro, será possível ver curiosidades sobre a obra e ir além, revendo a rica trajetória artística do autor.
Com curadoria de José Eduardo Bernhardt, filho do artista, e organização de Angela Costa, arquiteta da Fundação Theatro São Pedro, a mostra será inaugurada nesta quarta-feira (11), às 17h (leia os detalhes no fim do texto), recheada surpresas — a começar pela trilha sonora.
— Zé Eduardo nos contou que o pai gostava de trabalhar ouvindo a música de Ludwig von Beethoven, então, na abertura, teremos um quarteto de cordas da Orquestra Jovem do Theatro São Pedro tocando a 5ª Sinfonia — diz Antonio Hohlfeldt, à frente da casa de espetáculos.
Não é só isso. Para a exposição, que ficará em cartaz até 6 de julho, com entrada franca, Zé Eduardo reuniu estudos de pássaros e frutas, um croqui incluindo as figuras no modelo de madeiramento do forro e até o original do contrato de trabalho assinado por Dona Eva, Plínio e Mancuso em 1983.
Há, também, trabalhos retratando instrumentos musicais, prédios históricos, figuras humanas e os famosos esqueletos (em quatro telas de 1m80cm por 1m50com), produzidos pouco antes da morte de Plínio, vítima de câncer de esôfago.
— Faz 21 anos que o pai faleceu, e a gente tem um acervo enorme, com centenas de obras, tudo organizado. Eu queria muito que isso pudesse ser visto de novo. É um motivo de grande orgulho — conta Zé Eduardo, que testemunhou a pintura do teto do teatro.
O espólio de Plínio, de fato, é imenso em todos os sentidos. Como diz Hohlfeldt, "ele era um universo".
— Plínio foi um grande artista, com importante participação no Clube de Gravura de Porto Alegre e trabalhos de referência sobretudo com desenhos em lápis de cera e aquarela. Estamos muito felizes por homenageá-lo no Multipalco, no mês de aniversário do São Pedro — destaca o professor, grande conhecer de arte.
As obras no São Pedro

Em 23 de março de 2025, o Theatro São Pedro teve as portas fechadas para obras de prevenção de incêndio e melhorias de acessibilidade, com investimento de R$ 23 milhões do governo do Estado.
Os trabalhos estão em andamento e, segundo Antonio Hohlfeldt, devem ter a primeira etapa concluída em março de 2026, com a revitalização da parte da frente do prédio (acessos, elevador, banheiros, entrada para cadeirantes).
A expectativa é de que seja possível reabrir o prédio em 27 de junho de 2026, dia do aniversário de 168 anos da instituição, inaugurada em 27 de junho de 1858. Um documentário sobre a obra está sendo produzido para a ocasião.
Serviço
- O quê: exposição Plínio bernhardt: Arte eternizada no São Pedro volta ao theatro
- Onde: Foyer do Multipalco Eva Sopher (com acesso pelo elevador ao lado do teatro, na Praça da Matriz, ou pela Rua Riachuelo, 1089)
- Quando: de 11 de junho (a inauguração será às 17h) a 6 de julho, com visitação de terça a domingo, a partir das 12h
- Quanto: entrada franca