Foi uma ousadia. Em 1943, um grupo de mulheres liderado por Lydia Moschetti (escritora, artista, promotora cultural, ativista social e filantropa) criou a Academia Literária Feminina do Rio Grande do Sul. Oitenta e dois anos depois, suas sucessoras lutam para recuperar a sede da instituição e fazer dela um centro cultural em Porto Alegre.
A sede fica em um antigo casarão no número 933 da Rua Sarmento Leite, na Cidade Baixa, e acaba de ter a fachada recuperada. Mas há muito por fazer. Sempre houve.
A história do lugar é de luta. No início do século 20, escritoras e pensadoras — por mais geniais que fossem — não eram aceitas na Academia Riograndense de Letras, à época, território exclusivo dos homens. Foi assim que Lydia, inconformada, liderou o movimento para criar a academia feminina.
— Não foi para fazer um clube da Luluzinha. Foi uma luta por reconhecimento. Sempre nadamos contra a corrente — diz a jornalista Teniza Spinelli, diretora do Memorial Feminino da academia e ocupante da cadeira nº 31.
E elas seguem assim, nadando no mar revolto.
Mantida graças a doações e contribuições das acadêmicas (são 40 cadeiras, 32 delas ocupadas), a casa na Sarmento Leite sofre com a falta de recursos e com os efeitos do tempo.
Em março, a academia elegeu uma nova presidente, a escritora Bernadete Saidelles, que decidiu liderar um movimento pela revitalização do sobrado.
— A casa estava fechada e praticamente abandonada. Queremos mudar isso. Queremos que o local seja um centro cultural aberto ao público, que possa receber atividades, cursos e lançamentos de livros. Mas, para isso, precisamos de apoio — diz Bernadete.
Elas conseguiram renovar a fachada (antes coberta de pichações) graças a uma campanha de doações organizada pela acadêmica Zaira Cantarelli, que arrecadou R$ 3,6 mil. Falta reformar a rede elétrica, consertar o telhado (há infiltrações), pintar e arrumar o pátio, adquirir uma geladeira e outros itens que permitam a realização de eventos.
Estive lá, conheci o prédio e vi o potencial do espaço. Se elas conseguirem, será bom para o bairro e para Porto Alegre. E não apenas para as mulheres.
— Queremos reabrir as portas para os homens também. Para todos. Não vamos repetir o que fizeram conosco no passado — diz Bernadete.
Como apoiar
Você pode doar qualquer valor por meio do pix 92985746000110 (CNPJ) ou por transferência bancária: Banco Sicredi, agência 0116, conta 33473-5, CNPJ 92985746/0001-10, para Academia Literária Feminina.
As acadêmicas também aceitam apoio com materiais para as reformas e a doação de eletrodomésticos. Contatos pelo WhatsApp (51) 99298-8455.
Ação solidária
Há, também, uma rifa em andamento para ajudar a instituição. Confira os detalhes abaixo: