
A decisão da prefeitura de Gramado de suspender por seis meses a análise de pedidos de construção de hotéis, bares e restaurantes movimentou o debate público e os setores impactados, mas não é inédita.
Em 2017, o então prefeito João Alfredo de Castilhos Bertolucci (PDT), o Fedoca, publicou um decreto nos primeiros dias de mandato suspendendo análise de novos projetos e alterando regras para reduzir o ritmo de futuras aprovações. Já em setembro de 2019 uma nova medida suspendeu a construção de prédios e hotéis com mais de 40 unidades.
A preocupação no primeiro caso era principalmente com o impacto ambiental — vale lembrar que Gramado tem um taxa cobrada com a conta dos hotéis — enquanto em 2019 a motivação foi principalmente o desenvolvimento urbano sustentável. Nesse mesmo período, a Corsan implantou nova adutora e reservatórios na cidade em função da falta d'água crônica em fins de semana e feriados.
Por muitos anos, empreendimentos foram autorizados aproveitando o interesse do mercado na cidade sem que os investimentos em infraestrutura acompanhassem o ritmo. A cidade lotada também ajuda a atrair turistas, mas é um equilíbrio delicado. Um destino constantemente superlotado pode passar a repelir pessoas que buscam tranquilidade e facilidade e poderiam ser eventuais visitantes.
A nova medida do município dá algum tempo para repensar estratégias e mudar o conceito de desenvolvimento urbano, mas a solução inevitavelmente vai ter que passar por investimentos pesados para adaptar a cidade à nova realidade.
Planos
Há tempos a cidade vem demonstrando sinais de que está no limite da infraestrutura. Tanto que o Plano de Mobilidade do município, elaborado em 2018 e voltado apenas para as questões de deslocamentos, recomenda que a prefeitura e outros serviços sejam retirados do Centro para reduzir a demanda.
O plano também aponta a necessidade de novas perimetrais para retirar o trânsito de passagem do Centro e a criação de terminais rodoviários e estacionamento na entrada da cidade. Assim como em outros municípios, a execução das medidas previstas no Plano de Mobilidade não é obrigatória.