
— Vou deixar o DVD de lado.
Essa frase de Renato Portaluppi dita na entrevista coletiva antes da estreia do Fluminense no Mundial de Clubes, contra o Borussia Dortmund-ALE, foi uma metáfora. O ídolo gremista está diferente.
Além de dizer que não irá mostrar o famoso DVD com os seus gols contra o Hamburgo, na conquista do título mundial de 1983 pelo Grêmio, Renato abriu mão das frases de efeito e folclóricas que marcaram o seu longo período como técnico gremista.
Além disso, falou detalhadamente sobre questões táticas, tema que domina, mas que costumava evitar em Porto Alegre
No Mundial de Clubes, contudo, representando desta vez outro time tricolor, o ídolo da torcida do Grêmio despiu-se do lado personagem e incorporou na totalidade o lado treinador.
Falou, por exemplo, que o Fluminense irá ficar com a bola contra o Borussia.
— O importante é a gente valorizar muito a posse da bola, para que a gente possa cansar o nosso adversário, já que eles vêm treinando há poucos dias — projetou.
Destacou a preocupação com o cabeceio dos alemães.
— A jogada muito forte dessas equipes europeias é a bola aérea. E esse é um cuidado que a gente vai ter porque (o Borussia Dortmund) é uma equipe bastante alta _ alertou.
Refletiu sobre a falta de maturidade tática dos atletas brasileiros em geral.
— O jogador brasileiro, quando tiver a consciência da parte tática que o jogador europeu tem vai evoluir bastante — opinou.
Disse ainda que os atletas brasileiros que saem para atuar na Europa voltam mais comprometidos taticamente.
— Ele começa a criar outra mentalidade. Vira realmente um profissional, porque é muito cobrado. Em muitos jogos, o jogador brasileiro está largado. Enquanto isso, o europeu está ligado o tempo todo — avaliou.
Foi uma grande entrevista, de alguém que domina os aspectos táticos e mentais do jogo e que viveu o futebol tanto dentro de campo quanto à beira do gramado, sendo vencedor nos dois.
Contudo, para quem o entrevistou por quase dez anos em três passagens como técnico gremista, parecia outra pessoa.
Campeão mundial vestindo a histórica camisa 7 gremista em 1983, Renato de fato disse que vai utilizar a sua experiência vencedora como jogador e treinador para tranquilizar e motivar os atletas.
— É importante essa experiência que eu vivi lá atrás. Posso passar para o meu grupo, até porque a gente vai estrear neste Mundial também contra uma equipe da Alemanha, e a gente sabe o quanto é forte o nosso adversário. Comandei o Grêmio no Mundial, diante do Real Madrid, e essa é toda uma experiência que eu procuro passar para os meus jogadores e tranquilizá-los _ disse.
Porém, sem mostrar o DVD.